sexta-feira, novembro 17, 2006
Sexta feira
quinta-feira, novembro 16, 2006
Azul
quarta-feira, novembro 15, 2006
PEÇO-TE
é que a loucura acode,
desce à garganta,
invade a água.
No teu peito
é que o pólen do fogo
se junta à nascente,
alastra na sombra.
Nos teus flancos
é que a fonte começa
a ser rio de abelhas,
rumor de tigre.
Da cintura aos joelhos
é que a areia queima,
o sol é secreto,
cego o silêncio.
Deita-te comigo.
Ilumina meus vidros.
Entre lábios e lábios
toda a música é minha.
Eugénio de Andrade
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"Terra"
PRESENTE
"O amor é uma companhia.
Já não sei andar só pelos caminhos,
Porque já não posso andar só.
Um pensamento visível faz-me andar mais depressa
E ver menos, e ao mesmo tempo gostar bem de ir vendo tudo.
Mesmo a ausência dela é uma coisa que está comigo.
E eu gosto tanto dela que não sei como a desejar.
Se a não vejo, imagino-a e sou forte como as árvores altas.
Mas se a vejo tremo, não sei o que é feito do que sinto na ausência dela.
Todo eu sou qualquer força que me abandona.
Toda a realidade olha para mim como um girassol com a cara dela no meio."
Alberto Caeiro
"Terra"
ARREBATAMENTO
Eugénio
- se a luz é tanta, como se pode morrer?"
terça-feira, novembro 14, 2006
Postais
Le fabuleux destin d Amélie Poulain
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Que noite fria.... não me deixaste dormir solidão! Entrecotada com o coaxar do lago, a insonia tomou conta da noite! A musica que me fez companhia relembrou Inês Pedrosa "Trago-te no riso enterrado, nas lágrimas que me lançaste, escadas de incêndio para a sabedoria da felicidade, na pele escaldada pelo brilho da noite, depois do mar."
Queria-te sem os obstàculos que me imponho, os purismos que me agilizam a moral no noante dos principios.
Arremessei-me para a varanda virada ao Parque, enroscada na manta do sofá de chavena de chá na mão... em enlevos cadenciados de Nina Simone e olhei para as estrelas.
De olhos fechados, deixei o frio da noite encarcerar a angustia do não saber. Recordei-me no jardim de casa aos 4 anos, pequena e agarrada à boneca de trapos (que arrastava para todo o lado).... fugitiva da hora de deitar, ginasta em trepar a janelas, deitada na relva a ver estas mesmas estrelas... porque estavam tão longe? O que se vê de lá de cima? Será que conseguem ver o futuro? Tomam chá com os deuses? Determinam as marés? São filhas da Lua? Porque fogem quando vem o Sol? Porque não me acompanham quando posso brincar com estes pequenos pontos de luz na manta remendada que é o céu? Porque são apanágio dos adultos?
O sol rompeu uma aurora enternecida pelo nevoeiro... olá. bom dia.
A TUA VOZ
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DERROTA
..cruzo-me com Sasha, aparentemente, de forma acidental. Encadeado com o seu olhar, oiço vagamente as suas palavras. "Your presentation in the morning was the best of all" - disse ela querendo provocar-me. "You know, the presentation you've heard from me was not made by me" - menti-lhe, ainda agora, sem perceber porquê. Talvez porque a razão do encantamento provinha dela e só era possível mantê-lo à sua custa...com as suas palavras, a sua boca e o seu corpo. Eu nao me interessava...era ela. Nao resisti. Fugi dos meus compromissos oficiais para jantar, aluguei um carro e servi de seu motorista. Andámos cento e cinquenta quilómetros, subimos montes, montanhas...perguntei-lhe se queria chegar às estrelas...respondeu-me que a sua companhia - a das estrelas - a fazia mais próxima das divindades. Sorri. Pediu-me que parasse. Saiu do carro e dirigiu-se a um lugar muito próximo de um precipicio. Fiquei bloqueado...as résteas de luz deixadas pelo sol - a contra-luz - desenhavam-lhe uma silhueta perfeita. Pediu-me para colocar um CD trazido previamente, para o efeito (soube depois). Enquanto tirava a circunferência musical do tablier do carro e o colocava no leitor, ela despiu, elegantemente, o seu vestido com motivos florais, vagamente hippie. "Girl you'll be a woman soon.." - Urge Overkill abria as hostilidades que viriam a servir de ritual iniciático para uma experiência, diria que, psicadélica. Dois corpos no tecto do mundo, entregues à natureza...com neve, sol, lua e...estrelas...chamou-me...derrotou-me. Nao venceu, contudo. Eu é que levei K.O. principalmente quanto pressenti os primeiros acordes de "Creep", precedidos da voz divinal de Damien Rice. Perdi...e hoje tenho de esquecer-te.
"Terrra"
segunda-feira, novembro 13, 2006
GLOBALIZAÇÃO
domingo, novembro 12, 2006
UN REGALO PARA MI AMOR
"...Cuando te vi sabía que era cierto
Este temor de hallarme descubierto
Tu me desnudas con siete razones
Me abres el pecho siempre que me colmas
De amores De amores Eternamente de amores
Si alguna vez me siento derrotado
Renuncio a ver el sol cada mañana
Rezando el credo que me has enseñado
Miro tu cara y digo en la ventana
YolandaYolanda Eternamente Yolanda
Yolanda Eternamente Yolanda Eternamente Yolanda"
Momento
Sliding doors
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"A vida não é a preto e branco", ouvia atentamente na esplanada da TAVI. Respirou fundo e olhou o mar. perdeu os seus olhos na imensidão do azul, no planar das gaivotas, no rebentar das ondas. A conversa não ficou por aí...mas nada mais ouviu, senão o indiferenciado ronronar das palavras a que respondia com esgares, com sons!
Folheava ainda o caderno de economia do Expressso, procurando alienação na realidade mundial, quando,
"viste o Sliding doors? "
"vi... acho que sim, porquê?"
"Achas que a Gwyneth optou? ou optaram por ela? Forças superiores?"
Calou-se, respondeu uma qualquer frivolidade, que fez soltar a correspondente gargalhada. Baixou os olhos e respondeu baixinho, para si.... que sabia que as circunstancias são variàveis, que em nada se dominam, mas a opção é sempre do actor! Tanto quando se recordava no filme, nenhum determinismo escolheu. Como na vida nenhum determinismo escolhe... a vida não é a preto e branco, mas a mais colorida tela.
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"Vamos almoçar?"
"Vamos lá... que horas são?"
"Fogo"
A IMPORTÂNCIA DA HORA
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