quinta-feira, maio 31, 2007


Deixei a luz a um lado e numa beira

da cama em desalinho me sentei,

sombrio, mudo, os olhos imóveis cravados na parade.

Que tempo estive assim?

Não sei;

ao deixar-me a horrível embriaguez da dor já expirava a luz,

e na varanda ria o sol.

Não sei tão-pouco

em tão terríveis horas em que pensava ou que passou por mim;

recordo só que chorei

e blasfemei

e que naquela noite envelheci


Gustavo Adolfo Bécquer


"Fogo"

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