Esperei-te junto à janela.
Senti-te ainda antes de ouvir a chave rodar na porta, e o chiar das velhas dobradiças. O teu cheiro entranhou-se em mim muito antes de ouvir os passos no soalho, de sentir a tua respiração junto ao pescoço.
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Sabes, nem sempre quando rodo a cabeça enquanto chegas.... te vejo. Mas hoje sinto-te em mim. Hoje quero-te comigo. Aperto-te no peito e agarro-me ao teu braço enquanto a luz se desprende do sol, despedindo-se de um dia que jà vai longo.
Saboreio a tua pele... salgada pelo vento que sobe do Douro, carolada pelo sol que carregaste todo o dia, entre as brincadeiras da margem.
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E achaste que não te via... que entre as vidraças e os vapores do meu chá quente, só me perdi nas entrelinhas do livro que carreguei no colo...
Vi-te e desejei. Desejei o fim do dia em que te recolhes em mim cansado dos outros, do mundo... em que reencontras no meu ombro e na serenidade do olhar desperto, a meninice de passados, a sabedoria de futuros e a essência que te encontro.
Brinca comigo. Provoca-me.
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Que queres?Vá.... afasta-me os cabelos da cara e concede-me uma simples festa. Aquece-me num abraço e faz-me voar. Calcula qual a minha necessidade urgente de te possuir... Entrelaça-te em mim... sente-me. O calor que te entrego, os olhares que te dou...
Fazes-me rir.... encontras em mim a criança de outros tempos, e na inocência quebrada de mulher, entrego-me.
Fazes-me rir.... encontras em mim a criança de outros tempos, e na inocência quebrada de mulher, entrego-me.
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Entrego-te o meu olhar...
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"Fogo"
1 comentário:
Fantastico!
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