O café - a bica, o expresso ou o tão nosso cimbalino - é muito mais do que o resultado da infusão de àgua a ferver na, talvez, mais famosa e universal de todas as especiarias. Para nós portugueses, quero eu dizer. Para além de rematar homéricos repastos - "eram 8 cafés e a conta, fachavor" - quantos de nós não começaram uma aproximação por um tímido cafezinho...a seguir ao almoço, claro (quando o ímpeto nos empurrava para ir muito mais além); ou separações, mais ou menos prolongadas - "acho que precisamos de falar, diz ela ao telefone. Tomamos café logo à noite?". Quando esta expressão interrogativa nos aparece é mais final e definitiva do que uma sentença de prisão perpétua. Mas, para além do café estar intimamente ligado a começos, recomeços e fins de "relacionamentos mais ou menos amorosos", esta especiaria alarga os horizontes da nossa história, lembra-nos o que fomos, o que deixámos, o que ensinámos e, claro, o que perdemos...o balanço é, manifestamente, positivo. Cada golo de café deve saber-nos a África, a Ásia ou a Brasil (esse continente português), deve encher-nos de orgulho e deve dar-nos força para "redescobrirmos" esses horizontes, povos e oportunidades.
"Terra"
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