sexta-feira, abril 27, 2007

Natalidade

A Europa, tal qual a conhecemos - com as suas raízes clássicas, assentes na Grécia e Roma antigas e no cristianismo - está na eminência de conhecer maior hecatombe dos últimos largos séculos cujas consequências, não são, de momento, mensuráveis.

Estas palavras, que cito de memória, pertencem a Jose Maria Aznar e foram proferidas numa conferência ocorrida anteontem no Palácio da Bolsa no Porto, a qual tinha por tema: "Democracia e Liberdade no Sec. XXI".

Na mesma linha já o Papa Bento XVI havia afirmado, de forma não menos violenta, que o futuro da União Europeia está condenado a não existir, citação feita, novamente de memória.

O que está na base de tão apocalípticas revelações? Uma curva, simplesmente uma curva: a curva demográfica. A Europa e os europeus que lhe transportam a cultura nascem cada vez menos e recebem cada vez mais povos vindos do seu exterior. Povos estes que, ao invés, têm uma taxa de natalidade muitíssimo elevada.

A simplicidade da coisa reduz-se à matemática e suscita-me, de imediato, uma questão: devemos integrar os povos oriundos de outras civilizações na nossa cultura, tradição, usos e costumes ou devemos, antes, promover o multiculturalismo que mais não tem vindo a ser do que a segregação dos vindouros e a sua ghetização promovendo, dessa forma, sub-culturas, de momento minoritárias mas que, brevemente, não só se tornarão maioritárias, como dominantes?

A questão é de difícil resposta, até pela demagogia que a pode envolver.

Parece-me óbvio que, cada vez mais, o nosso combate, o combate da nossa geração, é um combate cultural ou, até, civilizacional. Não se trata de afirmar a nossa superioridade, trata-se tão só de protegermos a nossa identidade. Não se trata de excluir a diferença, mas antes de evitar a hegemonia de uma igualdade que nos seja imposta. Trata-se, afinal, de defendermos o legado que nos foi deixado pelos nossos antecessores o qual queremos legar aos vindouros.

Como fazê-lo. Sem medo. Como desassombradamente disse João Paulo II - segundo Aznar a personalidade política mais importante das últimas três décadas - "não tenhais medo". Sem atacar, defendamos as raízes comuns da nossa existência.

Como?

De uma forma sintética e um pouco simplista - que o tema dá pano para mangas - entendo que a União Europeia deverá, de uma vez por todas e de forma definitiva, desenhar as suas fronteiras e, de uma forma tenaz, vincar o "núcleo duro" de valores que nos definem enquanto Europa e europeus.
Ao fim e ao cabo trata-se de defender o nosso ADN, do qual não devemos - não podemos - abdicar.

Por outro lado torna-se imperioso a assumpção de duas medidas imediatas, simultaneas e complementares: a adopção, por parte dos nossos governos, de medidas efectivas de apoio à natalidade e a defesa intransigente do primado da Lei e do Estado de Direito, a qual compete, também, a todos nós.

Todos devem ser tratados de forma igual perante a Lei e à Lei todos devem obediência de forma igual. Quem nos visita e por cá pretenda ficar deverá, tal como os que já cá estão, obedecer à nossa lei - e apenas a ela - e receber dela, grosso modo, os direitos e regalias em igual medida. A integração é isto mesmo.

A criação de sub-culturas, com base no politicamente correcto - do multiculturalismo ao direito à diferença - leva-nos, invariavelmente, à tirania das minorias.

E o problema é que, dentro de pouco tempo, a minoria são os povos e culturas integradoras e não o inverso.

Defendamos de forma intransigente o primado da Lei e o nosso Estado de Direito e, assim, estaremos a defender as nossas raízes culturais e os nossos valores civilizacionais.

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