Os passos eram marcados na neve.
Fincava os saltos das botas já humidas, até ouvir o ranger da neve. Tudo fazia para manter o equilibrio, naquela rua gelada e deserta da madrugada de Quarta-feira. Ao fundo no rio, ainda turvo das chuvas, pousavam as luzes de uma cidade adormecida.
Caminhavam a seu par, silenciosamente todos os seus instantes e dos outros. Todos os amigos que se afastaram, todos os amores que se apagaram, todos os dias que passaram.
Revolveu as mãos geladas entre os bolsos fundos do casaco..... procurava o essencial... não nesses bolsos, mas em todos os recantos de alma que calmamante construíra, reconstruíra, recriara e vivera.
Percebido no fugaz instante em que os olhos se encontraram com a Lua no meio da neblina... e enebrida pela vida, encheu o peito de ar.... "Bolas, não perdi nada, apenas a ilusão de que tudo podia ser meu para sempre"
"Fogo"
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