segunda-feira, dezembro 11, 2006

Uma questão de swing

"...já ninguém morre de amor, eu uma vez
andei lá perto, estive mesmo quase,
era um tempo de humores bem sacudidos,
depressões sincopadas, bem graves, minha
querida.
mas afinal não morri, como se vê, ah não
passava o tempo a ouvir deus e música de jazz, emagreci bastante, mas safei-me à justa,
oh yes,
ah, sim, pela noite dentro, minha querida.
a gente sopra e não atina, há um aperto
no coração, uma tensão no clarinete
e tão desgraçado o que senti, mas realmente, mas realmente eu nunca tive jeito, ah não,
eu nunca tive queda para kamikaze,
é tudo uma questão de swing, de swing minha querida,
saber sair a tempo, saber sair, é claro, mas saber, e eu não me arrependi, minha querida,
ah, não, ah, sim..."

Vasco Graça Moura in "Sonetos Familiares", Quetzal, Lisboa, 1999

"Terra"

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