Antes de te sentir, antes de te ver... pressenti. Encontrei-te no cheiro quente do perfume que ainda teimas em usar num cocktail com o after-shave. Reencontrei-te nas notas que sobre ti guardei. De olhos fechados revi o filme onde um dia fomos protagonistas. Antevi o descer do pano.
Voltei-me.. e lá estavas, como te recordava. Galã e seguro. Só o olhar não era meu. Só as mãos que um dia me procuravam, se enroscavam no fundo dos bolsos para onde atriraste as recordações. Só.
Usaste a arma facil, as perguntas comezinhas.... como forma de quebar o gelo. O cão, o sofá, o trabalho... oh como evitaste o essencial. Como evitamos falar sobre o que desconheciamos. Como fomos cobardes.
Revolves o cigarro na ponta dos dedos e procuras na multidão a resposta. Cada olhar que se cruza é uma deixa de vulnerablidade. sabes que te leio no olhar... sabes que te percebo no gélido tom em que colocas a voz. sabes que com todos os acessorios te reconheço na essêcia.
E despedes-te com o social.."dá noticias". Esperaste que pedisse para ficares, saiu-me "tem juizo". Foste. Ficou o cheiro. O teu cheiro.
"Fogo"
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