terça-feira, novembro 06, 2007

Beijos...




Há palavras que nos beijam. Canta Mariza, recitando Alexander o´Neill. Como se tivessem boca. Continuam. Palavras de amor, de esperança, de imenso amor, de esperança louca. os olhos fitam o chão. De repente coloridas entre palavras sem cor, esperadas inesperadas como a poesia ou o amor. e os olhos marejados de água, deixam de ver de turvos que se encontram. o nome de quem se ama letra a letra revelado no mármore distraído no papel abandonado. e bolas como me apetece um cigarro... já lá vai tanto tempo que não fumo... quem me dera pôr numa lufada de fumo toda alma que me possui... Palavras que nos transportam aonde a noite é mais forte, ao silêncio dos amantes abraçados contra a morte. Porra. e não é que no caminho da vida não pudemos olhar para trás?

Beijos...

No fundo, tenho medo. Medo de te voltar a ver. Medo de que as minhas mãos voltem a ser mãos outra vez e disparem dos pulsos para te despentear o cabelo e apertar-te os nós dos dedos, entalando-te as falanges como se fosses criança a quem cuidasse de atravessar a rua. Medo de que o meu corpo se lembre da fome que te teve e se queixe ruidosamente, como um estômago vazio; de que me dês água na boca e que de deserto árido passes a fonte de trevas com neptunos sumptuosos e fundos forrados a desejos. Medo de pensar que não te vejo desde ontem e de por isso não te rever, saudosa, antes achando que nunca nos fomos e que ainda nos damos as mãos, algures por Paris.
in umamoratrevido.blogspot.com